No último domingo (23/06) recebemos na capital paranaense a 11ª edição do Best of Blues and Rock, festival que busca manter o legado desses estilos ao trazer uma line-up recheada de boas bandas e guitarristas virtuosos. Nesse ano o festival passou por Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e se encerra em Belo Horizonte. Nossa equipe pode acompanhar de perto, no Tork N’ Roll, um pouco do evento ao fazer a cobertura de uma das estrelas dessa edição: Zakk Wylde com o projeto Zakk Sabbath. A noite se inicia com a banda Hibria, uma veterana do Power Metal brasileiro com
moderado sucesso internacional, principalmente no Japão. No palco do Tork, o tempo foi curto, mas o suficiente para demonstrar o altíssimo nível técnico da banda e o carisma do vocalista Victor Emeka, além da eficácia de montar um set que fosse possível revisitar toda a discografia do grupo. Destaque para a brilhante Tiger Punch, que é definitivamente um soco na cara de tanta técnica e velocidade que a banda apresenta nessa faixa. Uma belíssima e cativante apresentação.
Foto por: Felipe Gusinski para o To na Grade
Após a abertura do Hibria, a casa foi lotando e criava-se muita expectativa sobre o show que se aproximava. Um fato que foi observado foi a presença de algumas crianças, logicamente acompanhadas de seus pais, mas essa é uma circunstância que normalmente não se vê em apresentações voltadas para o metal, principalmente em nossa cidade. Uma situação curiosa mas muito louvável. Zakk Wylde trouxe para esse noite o seu projeto que presta um tributo à banda que lá no final dos anos 60 criou e pavimentou o estilo que hoje conhecemos por Heavy Metal. As crianças presentes, provavelmente, não consigam testemunhar o Black Sabbath em um palco, muito pela idade e saúde de seu principal vocalista, o Príncipe das Trevas Ozzy Osbourne. Mas Zakk criou sua notoriedade justamente prestando serviços ao Madman, lá em 1987, e isso o credencia como o único capaz de reproduzir com maestria para essas crianças e seus pais a atmosfera que poderia se vivenciar em um concerto do Black Sabbath.
Foto por: Felipe Gusinski para o To na Grade
Nas caixas de som do Tork começam a ecoar a gravação original de Supertzar, uma bela composição com corais e um sentimento de que algo épico estava para acontecer. E realmente aconteceu. O Zakk Sabbath estava no palco já reproduzindo as primeiras notas de “Supernaut” e logo em sequência a belíssima obra “Snowblind”. A timbre de voz de Zakk Wylde consegue emular muito bem a entonação de Ozzy, mas o peso dos instrumentos te faz sentir uma mistura de sentimentos entre estar num show do Black Sabbath ou do Black Label Society, essa última sendo a banda de sucesso de Zakk. O projeto Zakk Sabbath é composto apenas por um trio, sendo John “JD” DeServio (Black Label Society) o baixista, Joey Castillo (Queens of the Stone Age) o baterista e o já citado virtuoso guitarrista Zakk Wylde cantando e tocando suas guitarras com desenhos e padrões em preto e roxo que remetem ao terceiro álbum do Black Sabbath, o Master of Reality.
Foto por: Felipe Gusinski para o To na Grade
Mesmo sendo um line pequeno, onde apenas duas pessoas teriam espaço para pode desfilar, normalmente isso faria o palco parecer imenso para uma banda qualquer, mas não para Zakk. O guitarrista tem uma performance muito ativa e circula o palco todo em perfeita harmonia com o baixista JD.
O público, que por ser de uma faixa de idade mais alta, não é daqueles mais escandalosos, mas são muito participativos e aplaudiam muito a banda entre uma faixa e outra e vibravam forte após cada excepcional solo de Zakk. As crianças, previamente mencionas, se agarravam onde podiam para pode curtir o show. Uma nobre e louvável decisão da casa de abrir acesso de um camarote para essas crianças e seus familiares, mostrou sensibilidade e carinho que foram dignas de uma menção honrosa. Agora as crianças puderam pular, cantar, bater cabeça e fazer air guitar com total comodidade de uma área VIP.
O set do Zakk Sabbath tem uma particularidade a ser notada, pois ela é exime de contar com diversas musicas famosas da carreira da banda de Tony Iommi. Músicas badalas como Paranoid, Iron Man e Sweet Leaf não se fizeram presente na set e isso acaba por fazer do público não ter total entrega por não ter tanta intimidade com as músicas apresentadas pela banda. Mas a escolha pela set não tão manjada só poderia ser executada por alguém que realmente tem propriedade no que está fazendo e Zakk é realmente um dos poucos que podem se dar a esse luxo, afinal de contas, com uma carreira tão consolidada, Zakk não se submeteria a sair em turnê para tocar músicas que ele não aguenta mais tocar, como deve ser o caso de Paranoid, onde Zakk já deve ter tocado um milhão de vezes quando dividia palco com Ozzy em sua carreira solo. Em contra partida, músicas como “Fairies Wear Boots”, “Children of the Grave” e “N.I.B.” fazem o público se deliciar já nos primeiros acordes, são as músicas que o público realmente se faz presente.
Foto por: Felipe Gusinski para o To na Grade
Entre uma música e outra, Zakk vem demonstrando e comprovando que ele realmente é o cara certo para ser a estrela principal do Best of Blues and Rock, pois um dos pilares do festival é trazer para o público algum guitarrista virtuoso e renomado. Zakk Wylde consegue ser tudo isso e mais um pouco. Cada música traz uma energia diferente mas quase todas trás uma um solo extenso onde Zakk exibe por diversas vezes suas técnicas, seja fritando (shred) as cordas ou solando com a guitarra atrás de sua cabeça (estilo que ficou famoso quando feito por Jimi Hendrix).
Foto por: Felipe Gusinski para o To na Grade
O final do show é matador com a dobradinha de “N.I.B.” e “War Pigs”. A primeira teve até momento acapella do público nos versos finais. Já a última, fez a plateia retumbar com os últimos minutos da maravilhosa apresentação de Zakk e sua trupe. Até as crianças sabiam cantar os versos de “War Pigs”, essa conjuntura nos faz até se sentir esperançoso com o futuro que essas e outras crianças podem nos apresentar em relação ao Heavy Metal e apresentações com essa do Zakk Sabbath ajuda a construir esse caminho com maestria.
Após concluir seu show, Zakk beija sua parceira guitarra, a deixa no chão ecoando e se despede de todos com fotos, agradecimentos e bandeirão do fã clube do Black Label. Uma noite memorável para os fãs de todas as idades, sejam elas fãs do Zakk Wylde, do Black Label Society ou do Black Sabbath, todos saíram felizes com essa perfeita combinação.
Foto por: Felipe Gusinski para o To na Grade
O Zakk Sabbath irá finalizar sua passagem pelo Brasil no dia 25 de junho no Mister Rock Bar em Belo Horizonte. O festival Best of Blues and Rock também irá se encerrar nessa terça e já deixa todos os fãs ansiosos para saber quais bandas e artistas irão fazer parte da lineup do próximo ano. Se repetir o êxito que foi a edição desse ano, a tendência é de um festival fabuloso e carregada de novas emoções. Setlist:
1. Supernaut
2. Snowblind
3. Under the Sun/Every Day Comes and Goes
4. Tomorrow's Dream
5. Wicked World
6. Fairies Wear Boots
7. Into the Void
8. Children of the Grave
9. Lord of This World
10. Hand of Doom
11. Behind the Wall of Sleep
12. N.I.B.
13. War Pigs