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Summer Tours em Curitiba: a noite impetuosa com Carcass e Killswitch Engage

Nesta última sexta-feira (26/04) recebemos no Tork N’ Roll uma noite esplêndida recheada de metal para todos os gostos. Carcass e Killswitch Engage juntaram forças para trazer para Curitiba a Summer Tours, um aperitivo do que ambas as bandas apresentariam no Summer Breeze.

A começar pelo Carcass. Poucas bandas conseguem ser influentes em mais de um gênero, mas isso não se aplica ao Carcass. A banda britânica é pioneira do Grindcore e Death Metal e criou subgêneros nesses dois estilos. Com seus dois primeiros álbuns, Reek of Putrefaction (1988) e Symphonies of Sickness (1989), o Goregrind foi criado, misturando temas gores como mutilação e patologias. No quarto álbum vem a criação do chamado Melodic Death Metal com o magnífico Heartwork (1993). Sua influência é tanta nesses gêneros que músicos da banda passaram por outros gigantes, como o guitarrista Bill Steer que gravou os dois primeiros álbuns do Napalm Death (Grindcore) e o ex-guitarrista Michael Amott que fundou nada menos que o Arch Enemy (um expoente do Melodic Death Metal). 

Foto por Jaime Figueiró para o @eutonagrade

Agora que você sabe um pouco da grandiosa história do Carcass, dá pra notar que quem esteve presente nessa noite estaria diante dos verdadeiros patriarcas do Metal Extremo, porém boa parte do público (a maioria veio para assistir o Killswitch Engage) talvez não tivesse noção da honraria que estavam vivenciando, pois podia-se perceber apenas uma meia dúzia de pessoas que estavam cantando e curtindo o show, tanto que o primeiro moshpit demorou bastante para aparecer na pista premium. Embora a falta de empolgação inicial do público, a banda não deixou de entregar extrema qualidade técnica em sua apresentação, destaques paras as ótimas execuções de “Buried Dreams”, “Dance Of Ixtab”, “Keep On Rotting In The Free World”, “The Scythe’s Remorseless Swing” e “Heartwork”.

Foto por Jaime Figueiró para o @eutonagrade

Apesar de estarmos lidando com uma banda com letras extremamente violentas e com suas capas de álbuns cheias de vísceras e restos mortais, visualmente não é isso que se enxerga em cima do palco. Bill Steer tem um visual que parece ter saído diretamente da saudosa banda Fleetwood Mac, com sua calça jeans boca-de-sino combinado com seus pulinhos e chutinhos em sua performance de palco, em nada faz a gente relacionar sua figura com o som que está sendo executado. O baixista/vocalista Jeff Walker também não tem nada de mal em sua pessoa, muito pelo contrário, o membro fundador da banda pode ser considerado um Mr. Nice Guy, pois foi muito simpático com todos presentes, distribuiu muitas palhetas para quem estava na grade e uma dúzia de águas para o público, foi um verdadeiro gentleman. Para uma banda tão importante para o Metal Extremo, a humildade, técnica e o profissionalismo foram pontos altos da sua caprichada apresentação.


Foto por Jaime Figueiró para o @eutonagrade


Setlist:

  1. Buried Dreams

  2. Kelly's Meat Emporium

  3. Incarnated Solvent Abuse

  4. Under the Scalpel Blade

  5. This Mortal Coil

  6. Tomorrow Belongs to Nobody / Death Certificate (medley)

  7. Dance of Ixtab (Psychopomp & Circumstance March No. 1 in B)

  8. Black Star / Keep On Rotting in the Free World (medley)

  9. The Scythe's Remorseless Swing

  10. 316L Grade Surgical Steel

  11. Corporal Jigsore Quandary

  12. Ruptured in Purulence / Heartwork (medley)

  13. Tools of the Trade

Após a experiência dos membros do Carcass, é a hora de recebermos mais um destaque na noite. Killswitch Engage pode não ter o mesmo tempo de estrada que a banda anterior, mas em nada apagar a importância de uma das maiores bandas da atualidade. Os americanos de Massachusetts é extremamente influente no Metalcore, tem um dos considerados melhores álbuns do estilo com The End Of Heartache (2004) e é uma das bandas mais importantes da New Wave Of American Heavy Metal (NWOAHM), movimento musical norte americano que impactou e fez o Metal voltar a cena mainstream.

Foto por Jaime Figueiró para o @eutonagrade

O show começa como uma explosão, trazendo já um de seus grandes hits “My Curse” do álbum de 2006 As Daylight Dies. A banda toda chega com uma performance de palco muito dinâmica, todos batendo cabeça, mas os mais empolgados claramente são o guitarrista Adam Dutkiewicz e o vocalista Jesse Leach, tanto que já na primeira música, Jesse se joga do palco e vai em direção à grade, a primeira de seis (!). O público presente não chegou a lotar o Tork, mas fez muito barulho para a última apresentação da noite. Todos cantam alto todas as músicas da set, moshpit em diversas vezes, realmente foi um belo entrosamento entre banda e público.

Foto por Jaime Figueiró para o @eutonagrade


A bem generosa setlist com 17 músicas mostra que o frontman Jesse Leach aguenta bem o tranco, principalmente com as músicas do ex-vocalista Howard Jones, que apresentam uma boa dificuldade para quem deseja se aventurar nos vocais. Jesse realmente foi o destaque de toda a apresentação, conseguiu roubar a atenção por diversas vezes, seja na sua apurada técnica vocal (principalmente em seus Fry Screams) quanto na sua performance de palco que é assustadoramente boa. Eu já presenciei diversos shows em que os vocalistas tinham presenças estonteantes, mas a de Jesse consegue se superar e muito. Ele foi pra grade na pista premium, foi pra grade na pista normal, fez surfing crowd, até ao mezanino ele subiu (!!), realmente fez se tornar inesquecível a apresentação para quem esteve presente, pois praticamente todos tiveram contato com Jesse, algo louvável e extremamente raro em apresentações hoje em dia. Enquanto isso, em cima do palco, Adam era o destaque, extremamente técnico, distribuiu pitch harmonics e piadas por toda sua apresentação, definitivamente é o alívio cômico da banda. Na penúltima música do set, em “My Last Serenade” copiou seu colega Jesse Leach e saiu com sua guitarra pelo público, passando pelas duas grades (premium e normal).

Foto por Jaime Figueiró para o @eutonagrade

O show é encerrado com o magistral cover de Holy Diver de Ronnie James Dio. Na minha curta, porém divertida, carreira com banda, a versão cover de Holy Diver foi a música que mais toquei ao vivo, ela é simplesmente divertidíssima de se tocar, além de ser um baita clássico, então presenciar eles tocando essa musica antológica foi encerrar com chave de ouro. É uma belíssima homenagem à um dos maiores ídolos do metal, um dos maiores vocalistas de todos os tempos. A apresentação apoteótica do Killswitch Engage mostra porque a banda era a mais aguardada da noite, quem foi pôde sair com um gosto bem açucarado na boca pois presenciou um showzáço.


Foto por Jaime Figueiró para o @eutonagrade


Setlist:

  1. My Curse

  2. Rise Inside

  3. This Fire

  4. Reckoning 

  5. The Arms of Sorrow

  6. In Due Time

  7. A Bid Farewell 

  8. Beyond the Flames

  9. The Signal Fire

  10. Unleashed 

  11. Hate by Design 

  12. The Crownless King

  13. Rose of Sharyn 

  14. Strength of the Mind

  15. This is Absolution 

  16. The End of Heartache 

  17. Holy Diver



Para quem não pôde garantir sua presença no Summer Breeze em São Paulo, a noite proporcionada no Tork N’ Roll com o Summer Tours serviu muito pro gasto mas certamente vai deixar aquela vontade de acompanhar a próxima edição do festival, por isso é bom já dar aquela economizada e preparar aquela boa desculpa para seu chefe.


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