No domingo, 10 de março de 2024, ocorreu a última etapa do festival 'I Wanna Be Tour' em Belo Horizonte, Minas Gerais
Foto: @lenakwk/@tonagrade
Marcado por um dia quente e abafado, o festival ocorreu na Arena Independência, o estádio do América. Na minha opinião, não foi a melhor escolha de local para um show em "Beagá", devido à localização e à acústica.
Assim como em outras partes do festival em diferentes cidades, também enfrentamos alguns problemas técnicos no início. Isso resultou no atraso do início do show da banda Fresno, que começou por volta das 11h30, após o horário previsto. Além disso, problemas no palco 'It's a Lifestyle' também causaram atrasos em outros shows. No entanto, abordaremos essas questões mais detalhadamente ao longo desta review.
Chegamos cedo à arena e, apesar do calor intenso, centenas de fãs já estavam prontos para entrar no evento. Depois de percorrer um longo caminho para chegar à frente do palco onde ocorreria o primeiro show, finalmente conseguimos nosso lugar. O calor escaldante e o sol forte não desencorajaram ninguém de caprichar no visual, remetendo muito ao estilo de vestimenta dos anos 2000 e ao movimento emo, sem medo de expressar sua identidade.
Apesar da espera para entrar, consegui garantir meu lugar na grade para o show da Fresno, que começou com "Quebre as Correntes", como esperado. Mesmo com poucas pessoas no início, todos presentes estavam lá para cantar cada verso de cada música. Para mim, cada apresentação da Fresno carrega um peso significativo, pois eles foram a banda emo no Brasil que segurou a barra para que um dia pudéssemos ter festivais como esse. Era quase como um presente e uma celebração do dever cumprido. Além dos sucessos antigos, as novas músicas se destacaram ao vivo, especialmente com tantos emos reunidos em coro. Encerrando o show com "Casa Assombrada", com participação de De'Mar Hamilton do Plain White T's, eles encerraram sua última participação neste festival de forma magnífica. Como Lucas disse: "um festival para nós emos evoluídos que abandonamos a chapinha, mas nunca deixamos de ser emos".
Como mencionei, houve alguns problemas no palco "It's a Lifestyle", o que fez com que o Mayday Parade entrasse antes do Plain White T's, alterando um pouco a ordem das bandas e causando transtornos no restante do festival, resultando em uma música a menos para cada banda em comparação com outras cidades onde o festival ocorreu. O Mayday Parade começou com o clássico "Oh Well, Oh Well", e com a plateia já empolgada nessa altura do festival, houve muita participação e energia para a maioria das músicas. Eles interagiram bastante com o público durante todo o show, o que fez o tempo parecer passar mais rápido. Encerraram com "Jamie All Over", e mesmo sendo uma despedida, a energia do show não deixou um clima de tristeza pairar sobre o evento.
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Logo em seguida, foi a vez do Plain White T's subir ao palco, e foi a minha primeira experiência ao vivo com essa banda pela qual eu estava ansioso, pois eles têm excelentes baladas mais tranquilas que fazem parte de praticamente todas as minhas playlists. Apesar de alguns problemas no palco e atrasos, eles não decepcionaram! Abriram o show com "Our Time Now", absorvendo grande parte da energia do público do show anterior e mantendo-a alta. Apesar dos contratempos, entregaram um excelente desempenho, demonstrando muita energia também. E na hora das baladas, pareceu que o tempo estava atendendo às nossas preces, pois choveu levemente, refrescando o calor que persistia desde o início do dia. Encerraram com "Hey There Delilah" e foram recebidos com um coro e carinho enormes da plateia.
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Subindo ao palco "It's a Lifestyle", agora sem problemas técnicos, veio Pitty, recebida aos gritos, pulos e danças ao som de "Teto de Vidro". Foi um dos shows mais esperados e não decepcionou, com sucessos como "Admirável Chip Novo", "Máscara", "Equalize" e "Pulsos", mantendo a energia em alta e aumentando os ânimos da plateia, que já ocupava todos os setores da Arena. Encerrou o show com "Me Adora", deixando um gostinho de quero mais e claramente animada. Foi, talvez, um dos shows mais divertidos do festival, com direito até à primeira rodinha de "mosh" da edição de "Beagá".
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Com toda a bagunça nos palcos finalmente organizada, foi a vez do Boys Like Girls subir ao palco, cheios de carisma e empolgação. Eles trouxeram sucessos esperados como "Love Drunk", "Thunder" e "Heart Heart Heartbreak", trazendo muita nostalgia para a multidão. Destaco especialmente as três últimas músicas, onde tiveram ótimas interações com o público, seja brincando durante "Two Is Better Than One" ou lançando baquetas, garrafas de água, palhetas e até mesmo um pandeiro ao final de "The Great Escape". Eles transmitiram a impressão de se divertirem muito durante toda a apresentação.
Durante minha corrida para trocar de palco, sendo arrastado pela multidão, chegou a vez do Asking Alexandria, sem dúvida uma das bandas que eu mais aguardava. Eu sabia que seria intenso, e eles não decepcionaram. Foram muitos sucessos seguidos, como "Closure", "Alone Again", "Down to Hell" e "Into the Fire". Durante todo o show, pequenas rodas se formavam em pontos da multidão, até que Danny pediu por uma grande roda. Demorou um pouco para que todos entendessem, ou pelo menos tentassem, e de repente surgiu um furacão de socos e chutes, foi incrível ser arrastado para dentro. Terminaram com "Alone in a Room", entregando um show com muita energia e entrega de ambos os lados, tanto do público quanto da banda.
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A banda The Used entregou uma performance eletrizante no festival I Wanna Be Tour em Belo Horizonte, marcando a noite com um setlist que capturou a essência do grupo. Com clássicos como “The Taste of Ink” e “Pretty Handsome Awkward”, além de uma surpreendente versão de “A Box Full of Sharp Objects” com um final ao estilo de “Smells Like Teen Spirit” do Nirvana, a banda não só honrou seu legado, mas também mostrou que continua relevante na cena musical atual. A energia compartilhada entre a banda e o público foi palpável, criando uma atmosfera de pura nostalgia e renovação. Além disso, a interação em português com a galera tornou a despedida da banda ainda mais difícil.
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Chegou a vez do All Time Low subir ao palco, e eles vieram com muita energia e alegria por estarem de volta em Belo Horizonte. Conversaram do início ao fim com o público, lembrando de momentos da última vez que estiveram na cidade, de onde tocaram e até mesmo perguntaram quem estava presente pela primeira vez. Além disso, brincaram sobre aceitar se casar com uma brasileira para ficarem aqui para sempre. Repletos de sucessos como "Lost in Stereo", "Sleepwalking" e "Monsters", apesar de ser uma banda que eu pouco havia escutado antes, eles me mantiveram entretido com uma ótima apresentação, da qual eu não sabia o que esperar. Das músicas que havia separado em minha playlist para o festival, algumas foram salvas para outros momentos, pois o All Time Low conseguiu me cativar ao vivo muito mais do que eu esperava.
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Agora era a vez do The All-American Rejects subir ao palco, e confesso que também conhecia pouco a banda. No entanto, eles pareciam tão confortáveis e à vontade no palco que a transição da apresentação anterior do All Time Low foi praticamente imperceptível. Confesso que tive que pesquisar o nome das músicas e ouvi-las novamente para trazê-las aqui para vocês, mas aparentemente seguiram o que já haviam feito em outras cidades, começando com "Swing, Swing" e incluindo sucessos como "My Paper Heart" e "Dirty Little Secret" (a única música cuja letra eu conhecia sem saber o porquê). Terminaram a apresentação com "Gives You Hell". Senti que foi uma apresentação mais curta, mas acredito que isso tenha sido devido à pequena bagunça anterior com o palco "It's Not A Phase".
E então chegou a hora tão esperada para a grande maioria: Nx Zero subiu ao palco. A banda estava totalmente empolgada e mesmo com a noite caindo, não decepcionou entregando um p*%$ show!! Durante toda a apresentação, parecia que estávamos folheando um álbum de fotografias, com momentos passando pelos nossos pensamentos enquanto as músicas e a performance aconteciam. Mesmo com um tempo um pouco reduzido, não deixaram de trazer grandes clássicos como "Além de Mim", "Pela Última Vez", "Cedo ou Tarde" e "Razões e Emoções", além de um cover junto com o The Used no final. Em termos de energia, foi um dos shows mais contagiantes, e talvez, se não fosse pelo cansaço, teria sido o momento em que a galera mais interagiu durante todo o festival, com direito a coro em todas as faixas e pedido de bis no final. Ao encerrar, deixaram aquele parênteses e um gostinho de quero mais.
Foi nesse momento que minha corrida começou, pois enquanto estava na frente do palco com o Nx Zero, tive que correr para conseguir chegar perto de uma das bandas que estava muito ansioso para ver: A Day To Remember. Nesse momento, mais ninguém queria se mover e eu tive que abrir caminho até o palco, uma tarefa quase impossível. Ao som de "The Downfall of Us All", eu estava lá, cantando, andando e empurrando multidões, e quando começou "All I Want", tudo deu certo, com confetes caindo do céu e tudo mais, valeu a pena. Apesar de parecerem ainda estarem aprendendo a lidar com o ritmo brasileiro e tentando se comunicar, mandaram muito bem. Do lado da plateia, senti que era uma banda muito nova para alguns, e que eles deixaram um pouco daquela energia de lado. Se sabiam algumas músicas, o coro era bem mais baixo do que o que tinha acabado de ser com o Nx Zero. Aqui tivemos mais uma roda de mosh e bastante headbanging, com uma mistura de sucessos mais antigos com os mais novos da banda, e terminando com "If It Means a Lot to You". Foi um show memorável, com direito a arremesso de camisas da banda. Diferente de outros momentos do show, onde foram arremessadas camisas Vans, aqui tínhamos um "Mário Maluco" atirando os "uniformes" na plateia.
Ao final do A Day To Remember, eu estava exausto e fui arrastado para frente do palco onde agora se encerraria a noite ao som de Simple Plan. E valeu a pena! Enquanto para muitos Nx Zero e Pitty tiveram as melhores apresentações do festival, aqui eu deixei meu saudosismo e preferência de lado. Tenho que contar, foi o show com mais entrega, mais interações com a galera e mais disposição. Se no Nx Zero todos estavam tentando vencer o cansaço para acompanhar, aqui todos foram completamente envolvidos, e se alguém não tinha energia, o colega do lado carregava. Eles começaram o show com "I'd Do Anything", e foi sucesso atrás de sucesso. Até cosplays de Scooby Doo subiram ao palco, causando inveja em todos. E para terminar e fechar a edição, e relaxar os músculos saltitantes de todos, finalizaram com "Perfect". Para mim, entregaram o melhor show da edição, fazendo valer a pena esperar e enfrentar rios de pessoas.
Com todos os atrasos do início, tivemos um corte para que o festival terminasse antes das 00h devido às normas da Arena, o que prejudicou a experiência para mim. O festival poderia facilmente ter se estendido até umas 3h e não ter parecido tão corrido. Foram poucas pausas para comer, ir ao banheiro ou pegar um chopp. No entanto, consigo deixar esses problemas de lado pelas excelentes apresentações que tivemos. Claramente, é um festival do qual espero que tenha outras edições, com outras bandas como 30 Seconds to Mars, My Chemical Romance e quem sabe até convencer o Panic! at the Disco a se unir para uma edição futura. Até lá, o saldo com certeza é positivo, e foi uma experiência única e memorável.
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