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Nem o frio separa uma família: Suicidal Tendencies em Curitiba

Dois meses após anunciar que voltariam ao Brasil, no último domingo (14/07) recebemos no Tork N’ Roll em Curitiba uma das bandas mais amadas de todo um cenário, os pioneiros do Crossover Thrash, Suicidal Tendencies.


A noite começou com três bandas de aberturas que amaciaram o público para as estrelas da noite. Mustaphorius (Curitiba), Eskröta (SP) com uma baita mensagem em prol das mulheres e Bayside Kings (SP) com uma apresentação devastadora e energética foram as encarregadas de fazer o mosh começar cedo na pista do Tork. Visivelmente todos muito honrados em poder fazer parte dessa festa em nome da fusão do Hardcore Punk com o Thrash Metal, a coalizão e irmandade entre dois gigantescos gêneros e com públicos extremamente fiéis. A noite era de celebração.


Terreno preparado, é hora do show. Mike Muir e sua crew sobem ao palco com uma energia explosiva. No auge de seus 61 anos, Mike mostra porque é um dos músicos mais respeitados e queridos de sua geração. Com uma presença de palco dinâmica, o vocalista não para um segundo sequer, é um show à parte e dá uma aula de performance em muito frontman do cenário com metade da idade de Mike. A Banda toda se movimenta freneticamente pelo palco, é até admirável como os membros não se trombam diante de tanta correria e pulos, são raros os momentos onde a banda tem tempo de descanso. Os guitarristas Ben Weinman e Dean Pleasants se complementam, os solos de Dean são rápidos e furiosos.


Foto: Felipe Gusinski para o To na Grade



Um dos membros que despertam interesse do público é o ex-Slipknot Jay Weinberg. Fica evidente que muitos dos presentes estão entusiasmados em poder ver de tão perto o baterista, que mostra toda sua potência e velocidade atrás de seu set.


Foto: Felipe Gusinski para o To na Grade




Porém, a grata surpresa da noite definitivamente é o baixista . Filho de Robert Trujillo, atual baixista do Metallica, já foi baixista de Ozzy Osbourne, mas se lançou na música justamente no Suicidal Tendencies. A boa relação que Robert sempre teve com suas bandas (sendo inclusive apontado por Ozzy Osbourne como o único musicista que saiu de forma correta de sua banda), sempre deixando as portas abertas, definitivamente ajudou a escalação de seu filho para a lendária banda da Califórnia. Porém, o nepotismo se faz necessário quando você presencia o garoto de 19 anos em cima do palco. Tive a oportunidade de ver Tye tocar em 2017 junto da banda Korn, com apenas 13 anos o garoto demostrava uma incrível técnica com seu baixo, mas uma presença de palco bem tímida. Porém, o tempo e o Suicidal fizeram muitíssimo bem ao menino prodígio. Tye parece ter formigas embaixo das calças, o baixista pula por todo o palco, sobe em cima dos amplificadores, gira seu baixo com o pião da casa própria, aposto que se soubesse dar salto mortal o executaria também para incrementar em sua belíssima performance. Recebendo destaque em diversos momentos da apresentação, o futuro parece promissor para o talentoso fenômeno, e fazer parte de uma banda com pessoas do calibre de Mike Muir e Jay Weinberg definitivamente só irá ser benéfico para o lapidar dessa jóia bruta.



Foto: Felipe Gusinski para o To na Grade



Rasgação de seda à parte, voltamos para a memorável apresentação do ST. Destaques para as músicas “You Can’t Bring Me Down”, “War Inside My Head” e “Subliminal” que foram cantadas a berros pelo público presente. “Send Me Your Money” transformou o Tork em um culto com críticas às hipocrisias das igrejas. “Cyco Vision” tenha talvez criado o maior mosh já presenciado por um público no Tork, com Dean organizando dois Walls of Death brutais, certamente o ponto alto da noite. Porém outras duas músicas merecem destaques; We Are Family (Nós Somos Família) e Pledge Your Allegiance. A primeira trouxe de volta ao palco os membros das bandas de abertura para cantar a música que dá destaque a irmandade criada pela banda, Mike até fica ao lado do palco para dar destaques a todos que estão em cima do palco. Uma cena muito bonita de se presenciar, os vocalistas honram as letras e a história da banda cantando com todo fôlego e emoção. Para encerrar a apresentação, Pledge Your Allegiance trás uma das cenas mais lindas já presenciadas por esse que escreve. A banda chama todo o público presente a subir ao palco para finalizar o show com eles. Quando a segurança da casa deixa o acesso ao palco livre, os primeiros ficam até receosos e incrédulos de que aquilo realmente esteja acontecendo, mas depois que todos se dão conta de que realmente podem subir, uma correria tremenda se instaura, todos querem estar pertinho de seus ídolos e levar essa memória para suas vidas. O processo todo deu um baita trabalho para os seguranças, que após o palco ter sua lotação, para segurar aqueles que ficaram de fora não foi fácil, uma pena para os que ficaram de fora, pois a cena da banda tocando ao redor daquelas dezenas de pessoas foi um dos gestos mais bacanas já presenciadas, mostrando o porque Mike Muir é um dos maiores Mr. Nice Guy da indústria.



Foto: Felipe Gusinski para o To na Grade


Após o fim do show, há ainda quem acredite que a banda irá voltar para um encore, pois uma das mais famosas músicas da banda não foi executada. “Institutionalized” (do primeiro álbum, auto-intitulado de 1983) foi sentida por alguns por ficar de fora da apresentação, ela até consta na setlist impressa da banda ocupando a última posição, a de encerramento, porém, por algum motivo desconhecido ela não tem visto o sol brilhar em terras brasileiras (no show de SP a música constava na setlist mas também não foi interpretada), mas nada que tirasse o brilho da bela apresentação. Porém, a banda toda ficou após a apresentação para dar atenção e tirar foto para todos que estavam presentes, dando a última demonstração de humildade e atenção para o seu público, que a mais de 40 anos os vem chamando de família. Realmente o nome da turnê (Nós somos família) se fez levada ao pé da letra, pois todos saíram com uma incrível experiência e felicidade como se estivessem saído de um churrasco de domingo em família. É assim que todo público gostaria de ser tratado pelos seus músicos favoritos. Que Mike Muir sirva de exemplo para todas as bandas e vida longa ao ST e toda sua família.

Foto: Felipe Gusinski para o To na Grade


Setlist:

  1. You Can't Bring Me Down

  2. Lost Again

  3. I Shot the Devil

  4. Send Me Your Money

  5. War Inside My Head

  6. Memories of Tomorrow

  7. Freedumb

  8. Subliminal

  9. Possessed to Skate

  10. Lovely

  11. We Are Family (Nós Somos Família)

  12. I Saw Your Mommy

  13. Cyco Vision

  14. How Will I Laugh Tomorrow

  15. Pledge Your Allegiance

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