A apresentação de ontem de Bruce Dickinson arrastou uma multidão para lotar a Live Curitiba. O mais novo cidadão honorário da cidade trouxe a turnê de seu último álbum solo, The Mandrake Project, e fez um show espetacular, tecnicamente impecável, com uma banda de apoio extremamente competente e afinada. Foi uma noite memorável para todos os presentes, que tiveram a oportunidade de testemunhar de perto essa figura importantíssima no cenário do Heavy Metal.
Créditos: Reprodução/Instagram/@brucedickinsonhq O show já começa com uma boa variedade de músicas de vários álbuns, na quarta
música vem a primeira do novo álbum. The Mandrake Project (2024) é o primeiro
álbum do Bruce após quase 20 anos desde seu último lançamento, e diga-se de
passagem que o álbum é facilmente um dos melhores da carreira solo, se não o
melhor. E a primeira a puxar as músicas novas é o single “Afterglow of Ragnarok”,
visivelmente muito aguardada pelo público. A canção é muito bem executada ao
vivo e recebe uma bonita arte no telão, mas por uma falha técnica é interrompida
por uma arte da banda de abertura, deixando a apresentação com o telão desligado
por alguns segundos para que o erro fosse consertado. Após o susto da produção, a
banda volta com a excelente Chemical Wedding de álbum de mesmo nome (1998).
Já perto do meio da apresentação a banda puxa a querida da maioria do público, o
clássico Tears of the Dragon. A balada do álbum Balls To Picasso (1994) dá indícios
de seu favoritismo pelo número de celulares levantados, a plateia da lotadíssima
Live Curitiba é dominada pelos aparelhos que desejam gravar o momento.
Uma nova leva de músicas do último álbum é executada, músicas essas que nas
versões de estúdios já são maravilhosas mas que ao vivo conseguem serem ainda
melhores. Muito também se deve à excelente banda de apoio composta pelos
guitarristas Chris Declerq e Philip Naslund, o baterista Dave Moreno, a baixista
Tanya O'Callaghan e o tecladista Mistheria. É nítido que a banda tenta não roubar
os holofotes da estrela principal da noite, mas a baixista e o tecladista se destacam
em cima do palco. Mistheria é o integrante que mais interage com o público, tenta
em diversos momentos atiçar os presentes. Tanya tem uma performance de palco
incrível e mostra muito gingado com seu baixo groovado, recebendo inclusive um
merecido destaque na música Resurrection Men, onde seu baixo fica 3x mais alto
que o normal. Bruce, por outro lado, tem sua característica performance vocal e de palco de
sempre, muito participativo com o público, ele usa muito bem o espaço do palco à
seu favor. Muito expressivo e com gestos espaçados, bem teatral e com muito
feeling. É apenas na já mencionada Resurrection Men que a movimentação de
palco de Bruce mais se parece com as suas movimentações no Iron Maiden, onde
corre de um lado para o outro bem explosivo, nas demais situações ele tenta
imprimir expressões corporais mais exclusivas. Próximo do final do show, vem 3 músicas que merecem muito destaque. Darkside of
Aquarius (Accident of Birth 1997), The Alchemist e Book of Thel (ambas de The
Chemical Wedding 1998) são verdadeiras pedradas que por si só já valeriam o
preço do ingresso. Nessas músicas a banda aparenta dar 110% de seu máximo, é
notório uma tentativa absurda de se elevar a qualidade técnica dessas músicas em
suas apresentações ao vivo, são definitivamente os pontos altos do show. Entretanto, o ponto baixo da apresentação se dá ao público presente e em nada a
banda tem culpa nesse quesito. Embora a casa tenha sua lotação máxima
alcançada, boa parte do público não correspondeu às várias tentativas da banda de
incendiar o local. Em várias oportunidades era apenas 1/3 dos que correspondiam,
praticamente apenas os que estavam na grade ou próximos do palco, esses sim
deram bastante entrega e fizeram bonito. Uma pena, pois o mais novo cidadão
honorário da cidade de Curitiba merecia um público um pouco mais acessível e
apaixonado. Talvez boa parte não seja tão familiarizado com a carreira solo do
frontman do Iron Maiden e o prefiram acompanhados dos companheiros da banda
de Steve Harris. A passagem de Bruce em Curitiba é apenas a primeira dessa turnê em solo
brasileiro. O lendário frontman ainda vai passar em Porto Alegre-RS (25/04),
Brasília-DF (27/04), Belo Horizonte-MG (28/04), Ribeirão Preto-SP (02/05) e encerra
em São Paulo-SP (04/05). Setlist:
1. Accident of Birth
2. Abduction
3. Laughing in the Hiding Bush
4. Afterglow of Ragnarok
5. Chemical Wedding
6. Many Doors to Hell
7. Tears of the Dragon
8. Resurrection Men
9. Rain on the Graves
10.Frankenstein (Cover)
11. Gods of War
12.The Alchemist
13.Darkside of Aquarius
14.Navigate the Seas of the Sun
15.Book of Thel
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