Depois de 11 anos, Avenged Sevenfold (A7X, para os mais íntimos) retorna à Cidade do Rock como headliner de um dos palcos mais icônicos do mundo O domingo, 15/09, foi um dos dias mais aguardados pelos fãs de rock. Afinal, era o único dia reservado para as atrações do gênero, e, no apagar das luzes, conseguiu esgotar todos os ingressos. Apesar de não ter sido um dos primeiros dias a esgotar, o Dia do Rock estava abarrotado no primeiro fim de semana do Rock in Rio. As filas estavam enormes antes mesmo dos portões abrirem. E, como sempre, a disputa pelo melhor lugar na grade era insana. E eu, como uma boa "gradeira", estava disposta a abrir mão de conhecer as outras atrações do festival só para garantir o meu lugar ao sol — ou melhor, ao som. Mas nessa edição histórica, de 40 anos de Rock in Rio, a humilhada finalmente foi exaltada (outros carnavais, mais precisamente o RiR de 2011 — história para outro post!). Por obra do acaso (ou não) e com uma pitada de sorte (ou melhor, nunca foi sorte), essa “gradeira” que vos fala não precisou madrugar na fila nem sobreviver à base de barrinha de cereal para conseguir a melhor vista de uma das minhas bandas favoritas. Afinal, eu estava com o famoso nome na lista da banda. Sim, é isso mesmo! E minha ficha? Bom, ela simplesmente não caiu até agora! O famoso “só acredito vendo / eu vendo: não acredito” nunca fez tanto sentido. E agora, vou compartilhar como foi essa experiência que me deixou flutuando no limbo entre a realidade e o sonho.
Eu estava com a minha amiga Andiesca, que me acompanhou nessa jornada, e pouco depois das 18h finalmente acessamos a tão esperada Cidade do Rock. Porém, tivemos um pequeno imprevisto com nossas credenciais, e por um momento meu coração quase parou — achei que não conseguiria entrar com meu equipamento. Sim, além de tudo, eu ainda ia realizar o sonho de fotografar os divos acessíveis e riscar mais um item da minha longa lista de sonhos!
A segurança do evento estava super rígida, e só o clássico "elas são nossas convidadas" não ia ser suficiente para nos liberar. Foi aí que a banda mostrou por que tem meu coração (ou, pelo menos, uma boa parte dele). A assessoria deles foi incrível e fez todos os corres possíveis para garantir que entrássemos. Eles só descansaram quando finalmente pisamos na Cidade do Rock.
Os colaboradores do Tô na Grade estavam por toda parte no festival, e acabei esbarrando com alguns deles perdidos pelo Palco Supernova, onde estava rolando o show do Dead Fish. Com apresentações acontecendo a cada segundo e a Cidade do Rock parecendo um pequeno universo, você precisa escolher sabiamente quais shows assistir. Eu estava louca para ver o Evanescence e, graças ao meu acesso VIP, pude curtir o show sem passar pelos perrengues do fatídico Rock in Rio de 2011 e do show no Allianz, em 2023.
Na metade do show do Dead Fish, decidi me mover em direção ao Palco Mundo. Entrei no pit um pouco antes do Evanescence começar e, para minha surpresa, encontrei mais alguns "gradeiros" sobreviventes, firmes na grade, representando muito bem o site que carregam no nome. Não entrarei em muitos detalhes sobre o show do Evanescence, porque essa parte ficará para os outros colaboradores, que puderam curtir o show por completo. Como já mencionei, a Cidade do Rock é enorme, e eu ainda queria encontrar outros amigos e assistir um pedacinho do show do Deep Purple. Então, pouco antes do final do Evanescence, lá vou eu, com meus pezinhos abençoados, andar mais um pouco rumo ao Palco Sunset.
Assisti ao início do show do Deep Purple, mas minha cabeça só conseguia pensar em uma coisa: "Caralho, eu vou ver Avenged Sevenfold!" Me despedi de um amigo que encontrei no caminho e segui de volta, mais uma vez, em direção ao Palco Mundo. Parecia que aquele caminho nunca ia acabar! A cada passo, o medo de acordar e descobrir que tudo não passava de um sonho crescia. Este ano, pra mim, já tinha sido repleto de realizações pessoais e profissionais, mas isso... isso estava em um nível que nem a versão mais iludida da Ellen poderia ter imaginado.
Olhei para o relógio: apenas 30 minutos me separavam do show do Avenged. Meu coração começou a bater de um jeito estranho, acelerado, quase como se quisesse me lembrar da importância daquele momento. Foi difícil processar tudo aquilo. Mais de 10 anos depois, lá estava eu, pisando no gramado do festival que um dia jurei nunca mais voltar, mas agora como VIP de uma das bandas mais gigantes e significativas da minha vida.
Acessei o pit novamente e me dirigi à casa de som para organizar meu equipamento. Dali, pude ouvir os checks finais do som antes do anúncio do show. Poder sentar ali e trocar ideias com a equipe de som me fez esquecer um pouco do tempo que faltava. Foi então que ouvi um dos técnicos dizendo: “pode soltar os fogos”. Fiquei curiosa, achando que os fogos aconteciam apenas no final, mas um deles me explicou que isso faz parte da abertura, como uma forma de dar boas-vindas aos headliners do dia.
Dos mais de 50 shows que fotografei ao longo de 2024, estranhamente, naquele exato momento, poucos minutos antes da banda entrar, eu estava calma. Talvez ainda um pouco fora da realidade, ou quem sabe esperando acordar. Não sei bem como colocar em palavras a sensação daquele momento. A contagem regressiva se aproximava do zero, e lembro de me posicionar bem no centro do pit, em frente ao palco. Depois disso, minha memória apagou. O famoso “apagão” que muitos experienciam é real! Não lembro do momento em que eles entraram no palco, nem dos primeiros acordes de “Game Over”, a primeira música do álbum Life is But a Dream que abriu o show.
Voltei à consciência quando o primeiro acorde pesado iluminou os integrantes no palco. O baque veio ali: era real, estava acontecendo! Eu ainda estava tão fora de mim que, quando Johnny Christ caminhou pela passarela, pensei: “O Portão Sinistro tá diferentão”. E, para minha surpresa, nem tinha notado que M. Shadows estava usando uma balaclava e sentado numa cadeira d̶e̶ ̶r̶o̶d̶a̶s̶ no centro do palco.
Ver M. Shadows cantando uma música tão agitada, tanto instrumental quanto vocalmente, sentado, me causou uma estranheza. Não costumo ver "spoilers" dos shows que espero a vida toda; prefiro deixar o momento me surpreender, e ele realmente me surpreendeu! Em certo momento, olho para cima e vejo Synyster Gates usando um casaco com capuz (nesse calor, mona?), judiando da alavanca da guitarra. Wow! Ver aquilo diante dos meus olhos, a poucos metros, me fez sorrir de orelha a orelha e balançar a cabeça, sem acreditar.
M. Shadows se levanta para finalizar a música e, enquanto caminha lentamente pela passarela, o choque de realidade bate para algumas pessoas na grade. Entre gritos e choros, ele tira a balaclava, e o público responde gritando ainda mais alto.
Sem perder tempo, Matheus Sombra (eu amo os apelidos que nós, BRs, damos aos artistas) pergunta: “Vocês estão prontos, caralho?”. O público estava tão ensandecido que mal deu para ouvir a abertura de “Afterlife” ali no pit. M. Shadows nos avisa que temos apenas uma chance para explodir aquele lugar. O icônico solo de abertura da música fez todos cantarem juntos – sim, nós cantamos todos os solinhos com muito orgulho! Mais uma vez, o público fez jus ao título de melhor público do mundo. Eu mal conseguia ouvir os vocais de M. Shadows por causa da empolgação, e a impressão que eu tinha era de que o público ia queimar a largada das energias que guardou durante o dia todo naquela música.
Outra surpresa: os vocais de Synyster Gates! Como citei anteriormente, eu não costumo assistir a vídeos de performances ao vivo de bandas que eu gosto muito, ainda mais quando estou prestes a ir ao show pela primeira vez, então não sabia que a participação dele nos backing vocals era tão ativa. Talvez sempre fosse, mas de uma forma mais tímida ou sutil. Foi lindo ver o duetinho de Syn e Zacky no pré-refrão dessa música. M. Shadows deixou o refrão para o público, que, obviamente, não decepcionou.
Ainda em "Afterlife", ouvir os vocais do eterno The Rev e o público cantando a plenos pulmões o trecho "I am unbroken, I'm choking on this ecstasy..." me arrepiou da cabeça aos pés. E, como se isso não bastasse, Zacky e Synyster lado a lado, super à vontade na passarela, solando entre caras e bocas, enquanto Brooks destruía a bateria ao fundo, completaram o momento de forma surreal.
M. Shadows já previa que essa seria “uma noite daquelas”. Ao som dos gritos intensos do público, “SEVENFOLD, SEVENFOLD”, os acordes de “Mattel” começaram a soar, com estrofes mais calmas – um ótimo respiro para os metaleiros 30+ fora de forma. Ouvir “Mattel” ao vivo me deu uma nova perspectiva sobre esse álbum. Johnny Christ mandando um gutural ao fundo me conquistou instantaneamente, e a música já virou uma das minhas queridinhas na playlist, mesmo com o Syn errando a letra durante a execução. O solo com aquele efeito de auto-tune + sintetizador foi a cereja do bolo, evidenciando essa nova era de Avenged Sevenfold. Meus divertida mente foram um pouco mais longe e imaginou o Synyster solando isso em um Keytar… não?
Ao final da música, foi a vez de Johnny biscoitar na passarela, encerrando esse primeiro ato intenso do show. Enquanto os instrumentos silenciavam, Matt perguntou como estávamos (eu, sinceramente, estava passando mal, não sei vocês) e reafirmou mais uma vez que aquela seria uma noite foda e que era incrível estar entre o público mais barulhento do mundo. Ele lembrou que o show estava sendo transmitido ao vivo e pediu que mostrássemos ao mundo quem somos.
Após um breve silêncio, Synyster soltou um acorde aleatório que deixou todo mundo tentando adivinhar a próxima música, mas logo emendou no icônico solo de abertura de “Hail to the King”. Matt nos orientou a erguer os punhos e gritar “Hail!” enquanto a intro era executada. O “Hail” ecoou durante toda a introdução, e quando a parte mais pesada da música chegou, o público pulava no ritmo, tanto que eu conseguia sentir o chão vibrando. Sem hesitar, Matt deixou mais uma vez o refrão para o público, que não decepcionou, e, para minha surpresa, Synyster também se juntou nos vocais, me arrancando suspiros. Foi durante essa música que alguns espertinhos, que burlaram a segurança e conseguiram entrar com sinalizadores, os acenderam. Mais uma vez, o público entrou em cena, cantando junto o solo de Synyster, que claramente se divertiu com essa interação.
Quando as luzes se apagaram ao som da intro de “The Stage”, Syn se posicionou bem no centro da passarela, enquanto Brooks começava sua bateria agressiva. A intensidade da música fez aumentar ainda mais os mosh pits. Johnny, ao fundo, se divertia zoando o público e a própria banda, soltando frases aleatórias pelo microfone. Synyster aproveitou para desfilar pelas extremidades do palco e, no clássico momento de solo em dueto, se juntou a Zacky no centro da passarela. Era nítida a felicidade da banda por tocar para um público tão apaixonado. Ver Synyster deixando sua expressão séria de lado para abrir um sorriso junto com Zacky derreteu meu coração de pedra.
Em um momento de pausa, Matt pediu para todos levantarem as mãos e olharem ao redor. Ele nos lembrou que "essa vida passa muito rápido, assim como o show" e nos pediu para estarmos presentes no momento e aproveitarmos a companhia de quem amamos. O público, de braços erguidos, recebeu suas palavras enquanto Synyster finalizava o solo. Mesmo com seus 8 minutos de duração, a música passou voando.
Novamente, as luzes se apagaram, criando suspense sobre a próxima música. Sem truques, os acordes de “Buried Alive” ecoaram pela Cidade do Rock. O público, sem decepcionar, cantou o solo com entusiasmo, seguindo um padrão que lembrou o famoso coro de “Fear of the Dark” do Iron Maiden. Um facho de luz iluminou Synyster, e, aos poucos, os outros integrantes foram ganhando seus spots. Ouvir novamente Zacky e Synyster nos backing vocals me fez desejar uma gravação dessa performance no Spotify. Durante o solo, o chão vibrou mais uma vez com os saltos do público.
A energia de Synyster era palpável, e mais uma vez ele se posicionou ao lado de Zacky, sorrindo durante o solo. O público foi à loucura ao entoar com toda força o "Get your fucking HANDS OFF ME!", E mesmo com um pequeno erro no solo de Syn, ninguém ligou; estávamos mais focados em soltar o pulmão junto com Zacky no trecho "WHAT'S IT FEEL LIKE?".
Com os gritos de "SEVENFOLD, SEVENFOLD" ecoando, Matt contou uma história divertida: ele havia ido ao Rock in Rio na sexta-feira (13/09) para assistir ao show do Travis Scott, já que seus filhos são grandes fãs. Um deles comentou que o show do Avenged não seria tão bom quanto o de Travis. Antes que o público pudesse reagir, Matt garantiu que o show de Travis foi ótimo, mas que era nossa chance de provar que os roqueiros ainda sabem como derrubar tudo, mostrando de onde surgem os verdadeiros mosh pits.
Nessa pequena pausa aproveitando o discurso de Matt, os fãs jogaram bandeiras no palco, com a esperança de vê-lo segurá-las. Ele pegou uma de surpresa e ainda brincou por estar com os reflexos em dia.
Antes de abrir a bandeira, Matt perguntou em tom de brincadeira se seria vaiado, e o dono da bandeira garantiu que não. Mesmo assim, ele abriu com certa desconfiança, tentando entender o símbolo. Ao som de algumas vaias no fundo, revelou-se uma bandeira do Corinthians. Matt riu muito e xingou o dono, admitindo que já esperava ser vaiado. Um assistente entrou para recolher os itens que haviam sido jogadas no palco, mas Matt interrompeu ao ver uma bandeira que chamou sua atenção pelas cores. Era uma bandeira do Brasil, mas com o icônico símbolo da banda — a caveira com asas de morcego — e no lugar de "Ordem e Progresso", estava escrito "foREVer", uma homenagem ao falecido baterista James Owen Sullivan (The Rev). Matt assinou a bandeira e a devolveu para a dona.
Matt ainda comentou sobre o famoso meme de “Come to Brazil” e mencionou que, quando as bandas vêm todo mundo envia suas setlists, como se fosse aberto a sugestões. Ele contou que uma música foi muito pedida e, sem mais delongas, anunciou “Gunslinger”. O público foi à loucura! A primeira parte, mais lenta, foi um momento bonito com todos cantando juntos. A pirotecnia sincronizada com as batidas de Brooks intensificou ainda mais a experiência. As partes vocais que eram do The Rev agora ficaram por conta de Synyster, e ele não decepcionou. Apesar de não ser uma banda muito famosa por aqui (é meme ta?) o público estava com a letra na ponta da língua e seguiu cantando até o final.
Depois de “Gunslinger”, Matt perguntou se estávamos prontos para sacudir ainda mais e anunciou "Bat Country". Os riffs fizeram a Cidade do Rock explodir em diversos mosh pits ao mesmo tempo. A energia acumulada dos últimos 11 anos foi descarregada, e Syn mais uma vez assumiu partes dos vocais, me arrancando suspiros (acho que perdi as contas de quantas vezes isso aconteceu naquela noite). O solo, como de costume, foi cantado pelo público. Ver Zacky e Syn lado a lado sempre é um show à parte; a harmonia entre eles é incrível, e a visão de Zacky, sendo canhoto, faz a cena ficar ainda mais esteticamente perfeita.
Matt relembra que já faz bastante tempo desde a última vez que estiveram no Brasil, mas garante que isso é apenas o começo. O Rock in Rio é um pequeno teste para ver se ainda nos importamos com o Avenged Sevenfold, e ele conclui que eles retornarão em breve. Ele menciona que uma pessoa está perdendo esses momentos e esse legado: The Rev. Matt reflete que, ao longo dos anos, ao invés de tornar essa homenagem apenas sobre The Rev, eles queriam que fosse sobre todas as pessoas que perdemos durante a jornada chamada vida. Ele explica que, se você vive o bastante, verá todos ao seu redor partirem; e se você não testemunhar isso, é porque foi você quem partiu. Por isso, é essencial entender que a vida é o seu único momento.
Matt então anuncia o que todos já esperavam: "So Far Away". Zacky inicia com o violão, e o público se junta em um coro emocionante. As lanternas dos celulares começam a brilhar, criando um contraste bonito com as luzes dos telões. Essa música é profundamente comovente e ressoa comigo por vários motivos. O primeiro deles é que foi através dela que conheci a banda. Estava na casa da minha melhor amiga quando ela começou a chorar ao ouvir a canção. Curiosa, perguntei o motivo, e ela me mostrou o videoclipe, explicando seu significado. Acabei chorando junto, mesmo sem ter conhecido a banda enquanto The Rev ainda estava vivo.
O segundo motivo é mais pessoal: durante a última semana de vida do meu pai, passei muito tempo no hospital, com espaço limitado no celular e internet escassa. As músicas do Avenged eram uma das poucas que eu tinha disponíveis, e me agarrei a essa playlist durante aqueles dias. O solo de Synyster emociona por si só, como se a guitarra chorasse junto com a gente. Lembrar dos que se foram aperta o coração, e segurar o choro fica difícil, especialmente quando a silhueta de The Rev aparece no telão. É possível sentir a emoção da banda; pelos gritos de Matt, fica claro como a perda de The Rev ainda os afeta profundamente.
Aproveitei a breve pausa para checar meu estado pela câmera do celular. O rímel à prova d'água? Uma piada. Ainda restavam 40 minutos de show, e eu já estava parecendo um panda. Foi um fim de semana intenso, e chorar faz parte. Mas o mais inesperado foi olhar para o lado e ver a pessoa por quem eu havia borrado o rímel no show da noite anterior: Di Ferrero (porque, claro, minha vida é cheia dessas aleatoriedades).
Matt anuncia a próxima música como sendo fácil de curtir, e logo “Nobody” chega rasgando. Esse é um dos hits do último álbum e, pessoalmente, considero uma das melhores músicas desse trabalho. Ao vivo, o mix instrumental é ainda mais impressionante, com destaque para as linhas de baixo precisas de Johnny e os backing vocals de Zacky. Synyster parece completamente à vontade, até brinca com seus vocais no palco. Em um momento, há um silêncio repentino, e tanto o telão quanto o palco se apagam, criando um clima de mistério que complementa perfeitamente a atmosfera da música. Quando o "NOBODY" é cantado, acompanhado por uma guitarra com uma distorção pesadíssima e uma iluminação que acompanha a intensidade da faixa, o público enlouquece.
Logo após o solo de Syn, sem pausa alguma, os teclados de “Nightmare” quebram o silêncio, e a plateia vai à loucura mais uma vez. Mesmo quando o show já parece ter atingido o ápice, o Avenged Sevenfold sempre encontra uma forma de surpreender. Algo que me chamou muita atenção durante essa música foram as projeções com mapping, que já haviam aparecido em outras faixas, mas aqui ganharam ainda mais intensidade. Elas transformavam todos no palco em caveiras e zumbis, um ótimo incremento visual, embora talvez não tenha sido tão legal para quem dependia somente dos telões para ver o show.
Johnny, sempre divertido, decidiu roubar os microfones de Syn e Zacky, gerando boas risadas. Essa interação descontraída entre a banda é um show à parte. Eu, particularmente, adoro, pois quebra a ideia de que tudo precisa ser absolutamente perfeito. A música termina de forma grandiosa, com riffs e bateria em frenesi, luzes piscando rapidamente, e parecia que o show estava prestes a acabar... até Matt perguntar se ainda tínhamos algo sobrando. Nesse momento, sabíamos que pelo menos mais uma música estava por vir.
Com o início de “Unholy Confessions”, Matt convoca o público para abrir as rodas de mosh, e, claro, todos obedecem. Para mim, essa é a melhor música para fechar um show. Impossível não querer entrar na roda quando Brooks começa a destruir sua bateria. Todos tomam fôlego cantando o refrão para depois mosharem de novo na segunda parte. Mais interações descontraídas surgem: Johnny se distrai biscoitando na extremidade do palco e esquece de cantar sua parte, correndo de volta ao microfone, mas já era tarde. Syn, claro, não deixa passar e zoa seu companheiro com um gesto de “vacilão”.
Ao final da música, Brooks executa um solo de bateria enquanto todos os integrantes se viram para assisti-lo, admirando sua performance. Embora parecesse o fim, o show ainda guardava mais surpresas. Com a iluminação mais baixa e muita fumaça no palco, Matt começa a entoar “Cosmic”, a quinta faixa do álbum Life is but a Dream. A música tem um vocal mais melódico e profundas linhas de baixo. Conforme a faixa avança, o solo de Synyster se intensifica, transportando todos para os cosmos, como o nome sugere. A última parte da música tem uma combinação de sons e vocais etéreos, o público realmente se sentia viajando na velocidade da luz com sua atmosfera imersiva e visual.
Sem mais delongas, Matt declara: “mais uma”, e os violinos de “A Little Piece of Heaven” começam, para mim, uma grande surpresa. Sonhei a vida toda (pelo menos desde o dia que conheci a banda) em cantar essa música ao vivo a plenos pulmões. Achei que, por ser um festival, não haveria tempo para encaixá-la na setlist, mas Matt prometeu que cantaria o que o público brasileiro queria ouvir. A música, embora polêmica, é uma das mais amadas por aqui. Quando Matt pediu nossa energia máxima, sabíamos que era a hora de gastar tudo, pois aquele seria o grand finale. Mais uma vez, era difícil ouvir a voz de Matt por conta da empolgação do público. Os vocais únicos de The Rev foram respeitados na performance ao vivo, e Syn, como sempre, me arrancou suspiros com sua participação nos vocais.
No trecho “Do you take this man in death for the rest of your unnatural life?”, o público responde em uníssono, com um alto “YES I DO”, como se aceitasse a banda pelo resto da vida. Ouso dizer que muitos pedidos de casamento foram feitos durante essa parte. Ao final em “Baby, don’t cry”, foi impossível não chorar – mas era um choro de gratidão, por ter vivido essa experiência privilegiada com uma das minhas bandas favoritas, que não decepcionou em nenhum momento. Tudo foi uma surpresa extremamente agradável.
Matt agradeceu pela noite e garantiu que isso era só o começo, prometendo que a banda voltaria em breve. Eles saíram do palco, e tudo o que me restou foi encontrar meus amigos para tentar digerir tudo o que aconteceu. Decidi colocar no papel – ou melhor, na tela – tudo o que senti ao ouvir aquelas músicas. O lugar privilegiado onde eu estava fez com que o som fosse perfeito. Eu estava bem ao centro, em frente ao palco, com uma visão completa da banda, sem ninguém e nem telas de celular atrapalhando meu campo de visão. Agora, voltar à vida de "gradeira" vai ser difícil depois dessa experiência VIP.
Apesar de ter desejado mais algumas músicas no setlist, me agarro ao sentimento de que elas estão guardadas para a próxima visita da banda ao Brasil. Com a confirmação de que eles tocarão no festival Vivo X el Rock, no Peru, em março de 2025, há fortes indícios de que uma tour pela América Latina está a caminho. Enquanto isso, sigo aqui, tentando superar esse show e revivendo cada momento. Deixei as imagens que captei num álbum aqui no site, mas vocês podem ver mais nos meus destaques do Instagram.
Aliás, quem eu vejo no próximo show?